terça-feira, 10 de maio de 2011

Fios que tramam contextos e alinhavam histórias

A Tecelagem é considerada uma das artes mais antigas do mundo.  indícios da existência de têxteis na história da humanidade há mais de 24 mil anos, ainda no período Paleolítico. O surgimento se deu por questão de necessidade, para proteger o corpo humano do frio e das intempéries naturais.

Cruzando as mais diversas épocas, é possível ler a história nas tramas do tecido; do Egito antigo à América, da Inglaterra na revolução industrial ao revolucionário prêt-à-porter na França, dos teares mais rústicos aos fios nano tecnológicos. A história dos tecidos nos conta muito sobre o corpo, a moda, os costumes e hábitos, a arte, a cultura e a tecnologia de uma época.

Mas deixando um pouco a história de lado, queremos tratar nesse post o significado e as mensagens que os tecidos emitem.

O tecido pode ser símbolo de poder, segurança, cobiça, elegância e outras variáveis de maior ou menor envergadura, incluindo seus opostos. Sem esquecer que ele é um catalisador de sensações que passa pelos sentidos dos humanos.

Para entender, os tecidos são compostos de fibras naturais ou sintéticas. As fibras naturais são: algodão, seda, linho, lã e suas variações. Já as fibras sintéticas são: viscose, raiom, acetato, poliéster, acrílico e nylon. Se é sintético é quase plástico, imagina isso no calor? O ideal é usar roupas com fibras naturais ou se isso não for possível, que a porcentagem na composição seja bem maior que a de sintético (Vamos começar a ler as etiquetas antes de comprar!)

Por isso, dizemos que se uma roupa contém fibras naturais, o tecido é mais nobre, isto é, não esquenta, assenta no corpo perfeitamente, não arranha, nem marca demais, e por isso também tem preços menos amigos.

Tecidos estruturados (firmes), lustrosos, justos, vernizados, brilhosos, como couro, lycra, stretch, metálicos, spandex, jeans, contém muitas fibras sintéticas, portanto são menos nobres. Por eles evidenciarem demais as formas do corpo, passam uma sensação de incômodo, de que algo está apertado demais ou limitando os movimentos da pessoa. Além de terem conotações tão sexys que se não forem produções bem equilibradas podem virar fácil um look vulgar. A dica aqui é se for usar algo dessa “paleta de tecidos”, escolha uma peça só e ponto.

Em sua contramão, os tecidos mais fluidos, gentilmente estruturados, semi encorpados, com superfície de pouca textura (mais lisa, macia), com discreto brilho ou opacos, sem muitos detalhes, como sedas, shantung, pelica, algodão egípcio, cashmere, lãs frias, crepe de seda, são o que chamamos de tecidos nobres, por sua leveza, seu ajuste ao corpo, seu conforto.

 A pessoa que sempre usa esses tecidos, passa uma mensagem ao mundo de refinamento, luxo, dinheiro, classe. Mas também pode passar a mensagem de ser uma pessoa intimidadora.

Vamos lembrar gente do que estamos falando incessantemente nos posts anteriores, roupas precisam conversar com ações. De nada adianta um tecido maravilhoso para parecer fina, se você é uma desastrada nata (eu, rs), ou até se suas atividades diárias não permitem. Antigamente, na corte, as mulheres de altas classes sociais por terem uma vida ociosa, podiam usar os melhores tecidos. E as serviçais não. Era preconceituoso? Por um lado sim, mas como essas pessoas iam se dedicar ao trabalho pesado trajando um linho?

Tudo bem que o mundo não é seda pura e nem sempre conseguimos andar no linho, mas podemos contrabalancear uma produção coordenando peças simples e nobres. Um jeans com uma camisa de seda é um exemplo disso, ou um investimento num lenço ou numa pantalona.

O fato é que não precisamos nos vestir da cabeça aos pés com fibras naturais para conseguirmos um efeito elegante na imagem. Um toque basta.

Assim como vimos aqui, a cor é o elemento de maior impacto no visual e o tecido é o elemento que mais comunica luxo e status. E sabendo disso, agora, temos mais uma ferramenta para sermos criativas e montar looks mais inteligentes daqui para frente.

Vestir-se conforme a sua intenção. Essa sim, é a verdadeira lição.

Bjs,


Sabrina Silvian

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