O tema que trazemos nesta oportunidade,
a imagem dos chamados presidenciáveis, não tem nenhum cunho
político/partidário, publicitário, eleitoreiro, ou qualquer outro que vise
senão a divulgação da importância da imagem pessoal e suas implicações na
caminhada rumo ao cargo pretendido.
Ultrapassado isso, vamos ao “debate”.
Já discorremos várias vezes aqui no blog sobre a importância
de uma imagem adequada (que inclui postura, comunicação verbal, comunicação não
verbal e aparência) como mecanismo para alcançar o sucesso, tanto no âmbito
corporativo, como nas relações interpessoais.
De igual modo, a aparência coerente é
uma ferramenta extremamente eficaz para impactar os eleitores. Afinal, conforme
pesquisas sobre percepção humana, 65 a 75% do que acreditamos ser verdadeiro é
proveniente da visão. Isso quer dizer que, quando vemos alguém, emitimos
imediatamente juízos de valores face às evidências superficiais como roupas e
linguagem corporal.
Nesse contexto, podemos inferir que uma
imagem acertada de um candidato tem um grande poder de influência na escolha
dos eleitores, e, a contrario sensu, uma figura
incoerente afeta negativamente a confiança dos votantes, conforme veremos
adiante.
No panorama atual, temos vários
aspirantes ao cargo de Presidente da República, todavia, hoje focaremos somente
em alguns, os quais nos trazem exemplos didáticos claros da preocupação ou não
com a imagem projetada.
Iniciando pela candidata à reeleição, Dilma
Rousseff (PT), nota-se uma grande preocupação de sua equipe no sentido
de atenuar a imagem naturalmente forte e altiva da atual Presidente, sem perder,
é claro, a necessária postura rígida que o cargo lhe exige. Isso pode ser visto
em suas campanhas televisivas, nas quais Dilma aparece cozinhando, cuidando da
casa, do neto, demonstrando a todos que tem uma vida “normal”, como uma dona de
casa, em que pese seus incontáveis deveres diários como governante.
Quanto às suas vestimentas, Dilma, como
uma estadista, usa peças mais tradicionais (terninhos com cortes retos, sem
muitos detalhes, por exemplo). Entretanto, nessa campanha, observa-se que ela
passou a adotar cores menos fortes, e a usar joias mais arredondadas, elementos
que imprimem delicadeza e feminilidade, buscando, assim, alcançar a simpatia
dos eleitores.
Não obstante a essa mudança, Dilma não
foge à sua essência. Não raras as vezes (principalmente em aparições “ao
vivo”, sem roteiro pré-estabelecido), quando interpelada com assuntos
polêmicos, aquele sorriso pacífico e meigo, ora necessário ao atingimento de
seu objetivo final (reeleição), logo perde espaço para um semblante impaciente,
de olhares e contragolpes agressivos, espelhando seu verdadeiro íntimo, isto é,
uma mulher forte, técnica e não política, decidida e com pulso firme. Em razão
disso, transparece a ausência de naturalidade e até desconforto quanto à essa “nova
Dilma” que buscam projetar, ascendendo, de tal modo, nos eleitores um
sentimento de inadequação e incoerência.
É como digo às minhas clientes, a
mudança tem que vir, mas de uma maneira branda, sincera, palpável para a
pessoa. Caso contrário, a impressão que se tem é que aquela pessoa não é
autêntica, tampouco suas falas e/ou promessas.
Sobre a Marina Silva,
candidata pelo PSB, as mudanças são muito perceptíveis. Há um aperfeiçoamento
em sua maneira de se vestir e de se apresentar. A sua equipe entendeu que a
imagem frágil, pouco preocupada com aparência (por exemplo, sobrancelhas por
fazer), e com a aguda tendência étnica, que lhe é peculiar, não imprimia a
credibilidade e o ânimo que o cargo de Chefe do Executivo exige.
Por isso, foram integradas em seu dresscode roupas
mais arrumadas, estruturadas, uma leve maquiagem especial (ela é alérgica a
quase todo tipo cosmético), e, sim, os acessórios genuinamente brasileiros
(produtos de artesanatos) que ela tanto valoriza. Esses produtos ornam muito
bem com quem Marina é. Não podemos olvidar, é claro, das atitudes, do porte e
do falar mais firme, autêntico e fundamentado na “nova Marina”.
Todavia, a candidata ainda tem o que
aprimorar, notadamente, no que diz respeito à sua postura corporal, às roupas sem caimento e à uma
necessária substituição ou alternância dos acessórios regionais por
joias/semi-joias. Lógico que tais aprimoramentos, por si sós, não a elegerão,
mas se aliados a um conjunto de condutas e ideias minimamente estudadas por uma
especialista em consultoria de imagem acarretará um excelente refinamento, e,
por consequência, mais credibilidade. Mesmo assim, não podemos deixar de
exaltar as transformações já feitas, que foram um grande ganho, inclusive, em
votos.
Muitos especialistas condenam o uso do
coque da presidenciável, entendendo-o como austero demais. Entretanto, há
outros olhares a serem desbravados. O penteado de Marina, em minha opinião,
sugere, ao menos, dois significados claros: um, do ponto de vista prático, ou
seja, ela não coloca isso como prioridade, e já se acostumou e gosta do simples.
Dois, do ponto de vista visagístico, o cabelo preso denota uma pessoa entregue
totalmente, sem vaidades, e que está mostrando e colocando a “cara para bater”.
É como se dissesse: - “Podem confiar, não tenho nada a esconder!”
Quanto ao pretendente pelo PSDB, Aécio
Neves, o trabalho é no sentido de combater a fama de “boa praça” e trazer
autoridade à sua imagem à altura de um Presidente. Para isso, são usadas peças
sóbrias de boa alfaiataria, e cores que imprimem confiabilidade como o azul
marinho.
A imagem do candidato em suas campanhas
é sempre muito próxima aos seus interlocutores. Diversas vezes o vemos com
camisas suadas e mangas arregaçadas, o que, do ponto de vista visagístico,
sublimam a imagem de um homem que trabalha duro, que pretende mudar a realidade
do povo com muito suor e vontade. Com olhar sério e direto, suas falas supõem
preparo, sinceridade e um certo conhecimento de causa.
Vale fazer um parêntese. O
ex-Presidente Lula, também se mostrou assim. Do povo. E mais, afinou, na
eleição de 2002, não só a barba e cabelos mal aparados e cuidados, mas também
os discursos (menos agressivos, com mais eloquência e com analogias à paixão nacional
- futebol - que o tornou mais carismático) e uso de ternos Armani e Ricardo
Almeida.
São muitos os candidatos e não
conseguiria esgotar num pequeno post tudo sobre todos. Porém,
ressalto a candidata pelo PSOL, Luciana Genro, que possui um
discurso forte e claro, mas que vai de encontro com sua atual imagem, que é
frágil e conturbada, consoante seus cabelos indomáveis, encaracolados com ondas
muito finas, que realçam esse aspecto visagisticamente falando.
O presidenciável pelo Partido Verde, Eduardo
Jorge, tem a imagem e fala muito simples, apresentando coerência a sua real
identidade. Todavia, como já dito anteriormente, o cargo de Chefe de Estado
requer um figurino e porte mais corporativos, sofisticados, que retratem
segurança e credibilidade. A exemplo disso, trazemos novamente o ex -
Presidente Lula, que tinha uma imagem simples, de operário (como de fato era),
no início de sua carreira, mas que, com o tempo, adotou outras posições e peças
mais elegantes, condutas que o ajudaram a se firmar como um grande político (no
estrito termo da palavra).
Sempre reforço aos meus clientes que a imagem de
uma pessoa não é só sua aparência, abarca, sobretudo, toda a linguagem corporal
como postura, oratória e o gestual intuitivo. Sabendo disso, podemos analisar
bem cada pretendente aos cargos públicos, basta que façamos algumas
perguntas...sua fala condiz com sua imagem? Ele (a) está passando verdade,
segurança, credibilidade? O que me incomoda nele (a)? Claro, sabemos do nosso
dever cívico, além de observar a imagem de cada um, devemos pesquisar os
proponentes, seus planos de governo, suas vidas pregressas, para, enfim, tomar
a decisão mais acertada.
A grande maioria dos nossos candidatos passa por
uma consultoria especializada em imagem justamente para aprender a “seduzir” o
eleitor, mas com o mínimo de atenção podemos perceber se suas falas estão
conectadas com suas atitudes, com suas essências, e se eles estão à vontade com
sua imagem, revelando, sem se forçarem a isso, força e honestidade.
Como exposto antes, uma figura alinhada, como fator
único, não elege um candidato, mas uma imagem ruim, incoerente, muito menos, mormente,
quando se propõe a ocupar o mais alto cargo do país e representá-lo perante o
resto do mundo. Por isso, é indiscutível o valor da imagem nesse processo de eleição.
Na corrida eleitoral, um plano de governo bem elaborado
não é o suficiente para ganhar votos, é preciso dar uma importância bem
generosa à imagem (aparência, fala, linguagem corporal, postura, gestual e
essência íntima), ou seja, é preciso encantar os eleitores, trazer a verdade e
convencê-los de que é a pessoa ideal para desempenhar tal honrosa e complexa função.
Talvez a melhor imagem pessoal não ganhe a eleição, mas, com certeza, ganhará
(ou deveria) a que passar maior autenticidade e coerência.
Sabrina.