segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A Imagem: Um elemento de impacto na eleição


O tema que trazemos nesta oportunidade, a imagem dos chamados presidenciáveis, não tem nenhum cunho político/partidário, publicitário, eleitoreiro, ou qualquer outro que vise senão a divulgação da importância da imagem pessoal e suas implicações na caminhada rumo ao cargo pretendido.

Ultrapassado isso, vamos ao “debate”. Já discorremos várias vezes aqui no blog sobre a importância de uma imagem adequada (que inclui postura, comunicação verbal, comunicação não verbal e aparência) como mecanismo para alcançar o sucesso, tanto no âmbito corporativo, como nas relações interpessoais.

De igual modo, a aparência coerente é uma ferramenta extremamente eficaz para impactar os eleitores. Afinal, conforme pesquisas sobre percepção humana, 65 a 75% do que acreditamos ser verdadeiro é proveniente da visão. Isso quer dizer que, quando vemos alguém, emitimos imediatamente juízos de valores face às evidências superficiais como roupas e linguagem corporal.

Nesse contexto, podemos inferir que uma imagem acertada de um candidato tem um grande poder de influência na escolha dos eleitores, e, a contrario sensu, uma figura incoerente afeta negativamente a confiança dos votantes, conforme veremos adiante.

No panorama atual, temos vários aspirantes ao cargo de Presidente da República, todavia, hoje focaremos somente em alguns, os quais nos trazem exemplos didáticos claros da preocupação ou não com a imagem projetada.

Iniciando pela candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), nota-se uma grande preocupação de sua equipe no sentido de atenuar a imagem naturalmente forte e altiva da atual Presidente, sem perder, é claro, a necessária postura rígida que o cargo lhe exige. Isso pode ser visto em suas campanhas televisivas, nas quais Dilma aparece cozinhando, cuidando da casa, do neto, demonstrando a todos que tem uma vida “normal”, como uma dona de casa, em que pese seus incontáveis deveres diários como governante.

Quanto às suas vestimentas, Dilma, como uma estadista, usa peças mais tradicionais (terninhos com cortes retos, sem muitos detalhes, por exemplo). Entretanto, nessa campanha, observa-se que ela passou a adotar cores menos fortes, e a usar joias mais arredondadas, elementos que imprimem delicadeza e feminilidade, buscando, assim, alcançar a simpatia dos eleitores.

Não obstante a essa mudança, Dilma não foge à sua essência. Não raras as vezes (principalmente em aparições “ao vivo”, sem roteiro pré-estabelecido), quando interpelada com assuntos polêmicos, aquele sorriso pacífico e meigo, ora necessário ao atingimento de seu objetivo final (reeleição), logo perde espaço para um semblante impaciente, de olhares e contragolpes agressivos, espelhando seu verdadeiro íntimo, isto é, uma mulher forte, técnica e não política, decidida e com pulso firme. Em razão disso, transparece a ausência de naturalidade e até desconforto quanto à essa “nova Dilma” que buscam projetar, ascendendo, de tal modo, nos eleitores um sentimento de inadequação e incoerência.

É como digo às minhas clientes, a mudança tem que vir, mas de uma maneira branda, sincera, palpável para a pessoa. Caso contrário, a impressão que se tem é que aquela pessoa não é autêntica, tampouco suas falas e/ou promessas.

Sobre a Marina Silva, candidata pelo PSB, as mudanças são muito perceptíveis. Há um aperfeiçoamento em sua maneira de se vestir e de se apresentar. A sua equipe entendeu que a imagem frágil, pouco preocupada com aparência (por exemplo, sobrancelhas por fazer), e com a aguda tendência étnica, que lhe é peculiar, não imprimia a credibilidade e o ânimo que o cargo de Chefe do Executivo exige.

Por isso, foram integradas em seu dresscode roupas mais arrumadas, estruturadas, uma leve maquiagem especial (ela é alérgica a quase todo tipo cosmético), e, sim, os acessórios genuinamente brasileiros (produtos de artesanatos) que ela tanto valoriza. Esses produtos ornam muito bem com quem Marina é. Não podemos olvidar, é claro, das atitudes, do porte e do falar mais firme, autêntico e fundamentado na “nova Marina”.

Todavia, a candidata ainda tem o que aprimorar, notadamente, no que diz respeito à sua postura corporal, às roupas sem caimento e à uma necessária substituição ou alternância dos acessórios regionais por joias/semi-joias. Lógico que tais aprimoramentos, por si sós, não a elegerão, mas se aliados a um conjunto de condutas e ideias minimamente estudadas por uma especialista em consultoria de imagem acarretará um excelente refinamento, e, por consequência, mais credibilidade. Mesmo assim, não podemos deixar de exaltar as transformações já feitas, que foram um grande ganho, inclusive, em votos.

Muitos especialistas condenam o uso do coque da presidenciável, entendendo-o como austero demais. Entretanto, há outros olhares a serem desbravados. O penteado de Marina, em minha opinião, sugere, ao menos, dois significados claros: um, do ponto de vista prático, ou seja, ela não coloca isso como prioridade, e já se acostumou e gosta do simples. Dois, do ponto de vista visagístico, o cabelo preso denota uma pessoa entregue totalmente, sem vaidades, e que está mostrando e colocando a “cara para bater”. É como se dissesse: - “Podem confiar, não tenho nada a esconder!”

Quanto ao pretendente pelo PSDB, Aécio Neves, o trabalho é no sentido de combater a fama de “boa praça” e trazer autoridade à sua imagem à altura de um Presidente. Para isso, são usadas peças sóbrias de boa alfaiataria, e cores que imprimem confiabilidade como o azul marinho.

A imagem do candidato em suas campanhas é sempre muito próxima aos seus interlocutores. Diversas vezes o vemos com camisas suadas e mangas arregaçadas, o que, do ponto de vista visagístico, sublimam a imagem de um homem que trabalha duro, que pretende mudar a realidade do povo com muito suor e vontade. Com olhar sério e direto, suas falas supõem preparo, sinceridade e um certo conhecimento de causa.

Vale fazer um parêntese. O ex-Presidente Lula, também se mostrou assim. Do povo. E mais, afinou, na eleição de 2002, não só a barba e cabelos mal aparados e cuidados, mas também os discursos (menos agressivos, com mais eloquência e com analogias à paixão nacional - futebol - que o tornou mais carismático) e uso de ternos Armani e Ricardo Almeida.

São muitos os candidatos e não conseguiria esgotar num pequeno post tudo sobre todos. Porém, ressalto a candidata pelo PSOL, Luciana Genro, que possui um discurso forte e claro, mas que vai de encontro com sua atual imagem, que é frágil e conturbada, consoante seus cabelos indomáveis, encaracolados com ondas muito finas, que realçam esse aspecto visagisticamente falando.

O presidenciável pelo Partido Verde, Eduardo Jorge, tem a imagem e fala muito simples, apresentando coerência a sua real identidade. Todavia, como já dito anteriormente, o cargo de Chefe de Estado requer um figurino e porte mais corporativos, sofisticados, que retratem segurança e credibilidade. A exemplo disso, trazemos novamente o ex - Presidente Lula, que tinha uma imagem simples, de operário (como de fato era), no início de sua carreira, mas que, com o tempo, adotou outras posições e peças mais elegantes, condutas que o ajudaram a se firmar como um grande político (no estrito termo da palavra).
  

Sempre reforço aos meus clientes que a imagem de uma pessoa não é só sua aparência, abarca, sobretudo, toda a linguagem corporal como postura, oratória e o gestual intuitivo. Sabendo disso, podemos analisar bem cada pretendente aos cargos públicos, basta que façamos algumas perguntas...sua fala condiz com sua imagem? Ele (a) está passando verdade, segurança, credibilidade? O que me incomoda nele (a)? Claro, sabemos do nosso dever cívico, além de observar a imagem de cada um, devemos pesquisar os proponentes, seus planos de governo, suas vidas pregressas, para, enfim, tomar a decisão mais acertada.

A grande maioria dos nossos candidatos passa por uma consultoria especializada em imagem justamente para aprender a “seduzir” o eleitor, mas com o mínimo de atenção podemos perceber se suas falas estão conectadas com suas atitudes, com suas essências, e se eles estão à vontade com sua imagem, revelando, sem se forçarem a isso, força e honestidade.

Como exposto antes, uma figura alinhada, como fator único, não elege um candidato, mas uma imagem ruim, incoerente, muito menos, mormente, quando se propõe a ocupar o mais alto cargo do país e representá-lo perante o resto do mundo. Por isso, é indiscutível o valor da imagem nesse processo de eleição.

Na corrida eleitoral, um plano de governo bem elaborado não é o suficiente para ganhar votos, é preciso dar uma importância bem generosa à imagem (aparência, fala, linguagem corporal, postura, gestual e essência íntima), ou seja, é preciso encantar os eleitores, trazer a verdade e convencê-los de que é a pessoa ideal para desempenhar tal honrosa e complexa função. Talvez a melhor imagem pessoal não ganhe a eleição, mas, com certeza, ganhará (ou deveria) a que passar maior autenticidade e coerência.

Sabrina.

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